Educação

Dia de universidade na rua

Aula aberta da UFPel expôs situação financeira da instituição e apresentou as dezenas de cursos e projetos

Carlos Queiroz -

Cerca de 60 bancas expondo os cursos e os projetos de pesquisa, extensão, ensino e inovação da UFPel tomaram conta do Largo Edmar Fetter, no Mercado Público, durante a Aula Aberta da instituição. Com a comunidade acadêmica apresentando as ações, o evento mostrou a inserção da universidade entre a população pelotense e como a sequência de redução e cortes orçamentários está afetando o funcionamento da instituição.

Além da mostra de cursos, houve apresentações artísticas do Coral da UFPel, do Núcleo de Teatro, do projeto Teatro do Oprimido na Comunidade (Toco) e do coletivo dos cursos de Teatro e Dança. Para a vice-reitora Ursula Silva, o ato representa o compromisso social que a universidade tem com a sociedade. "Estamos prestando contas justamente para contar como está a situação da UFPel, que é uma instituição super importante para Pelotas e região. Estamos preocupados com a manutenção e também com a crescente perda no número de estudantes", diz.

Sobre a preocupação com a evasão, a vice-reitora afirma que a UFPel já está traçando uma série de estratégias para conseguir manter os alunos na sala de aula, mas ressalta que somente planejamento não é o suficiente. "Precisamos de investimento. Estamos perdendo possibilidades de comprar equipamentos, de manter os laboratórios, que é o básico para poder dar aula. Não estou falando em grandes investimentos e grandes obras. Não temos dinheiro para comprar lâmpada, para pagar água e luz", lamenta, referindo-se aos cortes sofridos, principalmente em 2022.

Aula de geometria na rua
Professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (Faurb), Adriane Borda resolveu levar para o Mercado a aula que estaria ministrando no mesmo horário. A diferença é que, além dos alunos do primeiro semestre da graduação, toda comunidade pôde prestigiar a atividade de Geometria Gráfica e Digital. Para ela, levar o conteúdo a todos se torna ainda mais importante devido ao momento de incompreensão que parte da sociedade tem com as universidades públicas. "É por meio da extensão universitária que, cada vez mais, a gente avança. Percebo que todos os últimos movimentos que foram feitos estão em risco pelos cortes, pelas posturas de medo que são estabelecidas e pelas ameaças à democracia."

Quem prestigiou a aula da professora Adriane foram os colegas Ian Soares, 22, e Camila Cardoso, 21, estudantes do curso de Ciências Sociais. A dupla classificou a dinâmica das bancas que apresentam cursos e projetos como interessante e deixou uma sugestão: "Poderia ter uma vez por semestre". Para eles, que são bolsistas de pesquisa, o ato é importante para acompanhar as contas da UFPel. "É triste falar, mas sabemos que seremos os próximos. Estamos aqui para apoiar a universidade e demonstrar total repúdio aos cortes", dizem, mencionando que as bolsas de Ensino e Extensão já foram cortadas.

190 bolsas cortadas
Na noite da última terça-feira, alunos bolsistas de Ensino e Extensão foram comunicados que receberão apenas mais uma parcela, referente às horas trabalhadas em outubro. Segundo o superintendente de Orçamento e Gestão da UFPel, Denis Franco, o tipo de bolsas afetadas tem duração de quatro meses, mas com o corte serão três. "Optamos por antecipar o final de algumas modalidades de bolsas. Originalmente são de quatro meses, então decidimos antecipar em um mês o final", diz. Entretanto, o recurso está longe de ser a solução. "Representa que vamos conseguir pagar despesas essenciais por um pouquinho mais de tempo", declara.

MPF arquiva denúncia
O deputado federal Ubiratan Sanderson (PL) havia protocolado denúncia no Ministério Público Federal (MPF) alegando que a universidade estaria promovendo ato político no mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve na cidade realizando um comício, no último dia 11. Entretanto, o órgão comunicou que o pedido foi arquivado. No documento em que justifica o arquivamento, o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Enrico de Freitas, cita em um dos trechos: "Diga-se que é atributo específico da democracia representativa e do pluralismo a possibilidade de, a qualquer tempo, cidadãos e cidadãs reunirem-se para criticar atos de gestão de seus governantes".

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